O nome Kaapora diz muito sobre a Cátedra.
Em Tupi significa “mata bonita” – ka’a porã. Também é o nome de uma personagem de muitos universos indígenas e de povos da floresta – incorporado no folclore brasileiro na figura do caipora. Assim, faz tanto referência aos universos não urbanizados, do interior (caipira associado a caipora), como aos universos indígenas. É índio e negro, homem e mulher. Vive fora dos padrões (e dos patrões), daí o receio em encontrá-lo e ele aprontar alguma traquinagem…
A simbologia por trás desse nome vai ao encontro da intenção da Cátedra de aprender com aqueles que invertem, subvertem e multiplicam os mundos possíveis. As atividades da Cátedra – como por exemplo cursos de extensão sobre ritmos afrobrasileiros, rodas de jongo, mesas de debate com estudantes quilombolas, cursos ministrados por mestres indígenas e visitas a aldeias indígenas – buscam ampliar o potencial reflexivo e criativo da academia, por meio da interlocução com saberes minoritários ou contra-hegemônicos.
A Kaapora, portanto, é quase uma anti-Cátedra: não busca fixar ou sedimentar saberes, mas colocá-los em movimento, proporcionando interlocuções, traduções e transformações. Uma das principais diretrizes da Cátedra é a simetrização de conhecimentos – não no sentido de criar um repertório comum e homogêneo, mas de se conectar pela diferença e aprender com ela, a partir de trocas que implicam ampliação de horizontes – e por vezes também tensionamentos. Em meados do século XX, o antropólogo Claude Lévi-Strauss afirmava, em uma conferência na recém criada ONU, que a maior riqueza das civilizações não era a soma dos inventos de cada uma delas, e sim as diferenças entre elas, pois só com a diferença podemos desestabilizar nossas certezas e chegar a novas invenções. Os membros e parceiros da Kaapora acreditam nisso.
Portaria de Criação da Cátedra Kaapora
Criador do logo - Thiago Soares Ribeiro (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.)